26 novembro 2013

Em sistema prisional obsoleto, vagões russos são purgatório



Se as prisões russas são consideradas um inferno, os vagões penitenciários podem ser comparados ao purgatório







Trem com ambientalistas do Greenpeace: "imagine 12 pessoas presas em câmaras de 3,5 metros quadrados sem janelas", disse subdiretor russo de prisões




Moscou - Se as prisões russas são consideradas um inferno, os vagões penitenciários - como aquele em que a Pussy Riot Nadezhda Tolokonnikova ficou durante 26 dias, enquanto era transferida para a Sibéria - podem ser comparados ao purgatório.


"Imagine 12 pessoas presas durante dias em câmaras de 3,5 metros quadrados sem janelas", exemplificou Valeri Sergueyev, subdiretor do Centro pela Reforma de Prisões (CRP).

Se o sistema penitenciário russo se humanizou com o passar do tempo, este não é o caso do processo de "etapirovanie" (mudança por períodos), no qual milhares de presos são transportados anualmente em vagões especiais até seu novo destino.

A viagem de transferência pode durar semanas ou até meses, já que as distâncias na Rússia chegam a milhares de quilômetros, motivo pelo qual os presos realizam paradas e pernoites em prisões preventivas especiais espalhadas por toda a "geografia penitenciária nacional".

"Eles podem permanecer durante semanas em celas de isolamento em prisões de passagem, onde as acomodações são ainda menores que em uma prisão normal, especialmente no que se refere aos cuidados médicos e à alimentação", ressaltou.

No entanto, essas prisões parecem hotéis em comparação com os vagões. Quando estão sendo transferidos nessas câmaras, os presos só podem ir duas vezes por dia ao banheiro, recebem água quente para o chá com conta-gotas e a ventilação é quase inexistente.

Devido à falta de espaço, já que podem levar até 50 quilos de pertences, os presos viajam sentados e precisam se curvar para dormir.

"É um sistema incivilizado herdado da rede de gulags (campos de trabalho) da União Soviética. A Suprema Corte ordenou limitar de 16 para 12 o número máximo de presos em um vagão, mas continuam sendo muitos", apontou.

Durante este processo, os internos permanecem incomunicáveis, já que a lei não obriga as autoridades a notificar as famílias sobre o paradeiro dos presos até que cheguem ao seu novo destino.

Sergueyev considera um vestígio medieval o fato de um preso desaparecer no "limbo penitenciário" durante semanas ou meses, já que isso dá margem para todos os tipos de arbitrariedades e abusos. FONTE: http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/em-sistema-prisional-obsoleto-vagoes-russos-sao-purgatorio

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