24 janeiro 2015

Dobra autorização de novas armas, o autorização do porte para Agentes contribuiu para o aumento


Quantidade de unidades com sinal verde concedido pela Polícia Federal para aquisição na cidade tem impulso na comparação entre 2011 e 2014
Marcele Tonelli







Dados de registros de novas armas para civis, revelados pela Polícia Federal (PF) de Bauru, apontam que o número legal na cidade dobrou nos últimos anos. De 89 em 2011, a emissão de novas permissões para compra de armas saltou para 178 até o início de dezembro de 2014, ano que registra o maior acumulado dos últimos períodos.

Somado, o total de autorizações concedidas neste período revela que 483 novas armas foram colocadas em circulação por cidadãos, em sua maioria colecionadores, na cidade.

A Polícia Civil não descarta que o número possa estar relacionado com o crescimento do índice de roubos em 2014 em todo o Estado.

O fato chama atenção por ocorrer justamente em um momento de fragilidade da Campanha do Desarmamento, que já completou uma década e atinge um de seus piores níveis nos últimos anos em Bauru, com 180 armas recolhidas no ano passado

Busca e reflexo

Sobre o aumento dos registros de novos armamentos, o agente da Polícia Federal, Luiz Miyashiro (responsável pelo controle de armas na sede da delegacia da cidade) aponta que a maioria das autorizações em 2014 foi destinada a agentes de segurança pública, impulsionadas após a sanção da Lei nº. 12.993, de 7 de junho de 2014, que permitiu o porte de arma de fogo fora dos horários de serviço pelos agentes de segurança penitenciária.

“Mas também houve aumento da procura por cidadãos comuns. E este aumento de armas novas adquiridas deve-se principalmente ao aumento da violência e dos roubos às residências”, ressalva Myashiro.

Opinião partilhada também pelo delegado seccional de Bauru, Ricardo Martines.

Para ele, no entanto, o fato de haver mais armamentos em circulação e de a entrega ser menor do que a procura não revela, por exemplo, uma tendência de piora ou reflexo negativo no cenário da segurança pública da cidade.

“As armas registradas não são nosso principal problema. A criminalidade se alimenta de armas que entram de forma ilegal no país”, fecha questão Martines.

O registro de arma é quando o cidadão adquire uma arma e a registra, mas tem de mantê-la em casa.

Já o porte de arma é quando o cidadão comum é autorizado pela PF a portar uma arma em seu corpo, pelas ruas, praças, etc.


Desarmamento: entrega tem recuo

Na contramão do crescimento do número de autorizações para a compra de novos armamentos, a entrega de armas dentro da Campanha do Desarmamento caiu até 30% de 2013 para 2014.

Na região, foram entregues 257 armas de fogo à Polícia Federal em 2013. Já em 2014, o mesmo número caiu para 180. A PF não forneceu dados em relação aos anos anteriores por conta de um problema de sistema, mas garante que as entregas eram maiores nos anos mais próximos ao início da campanha, que foi instituída em 2014, após a criação do Estatuto do Desarmamento.

“Além do fator da violência, o cidadão de bem que possuía uma arma ilegal já realizou a entrega. Atualmente, recebemos mais familiares que encontraram alguma arma de fogo escondida pelo ente falecido ou pessoas que não preenchem os requisitos da renovação do registro”, diz LuizMyashiro, agente federal.


Opinião

O registro de arma de fogo (autorização da Polícia Federal) não dá direito ao seu porte. E, todas as armas de fogo, mesmo mantidas no interior do lar, têm que ser registradas, não o sendo será crime possuí-las.

Especialista em segurança pública e coronel da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Nilson Giraldi defende que a presença de arma de fogo no lar, sítios, chácaras e fazendas, por exemplo, muitas vezes são necessárias, mas aumentam em até 400% a possibilidade de assassinato entre membros da família e, em torno de 600%, a possibilidade de suicídio no local. “Arma de fogo não é sinônimo de segurança, sem o conhecimento técnico dos procedimentos não vale nada. Isto porque os procedimentos, e não os tiros, é que preservam vidas”, elenca Giraldi. “O desafio é que o Brasil tem uma das piores seguranças públicas de todo o mundo.”


Apreensões menores

Delegado seccional, Ricardo Martines diz que o número de apreensões por posse ou porte ilegais realizadas pela corporação também foi menor em 2014. “Mas isso tem haver mais com o foco das nossas operações, que neste ano foi um pouco diferente”.

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